Audiência pública discute importância dos testes genéticos no diagnóstico do câncer de mama



A importância dos testes genéticos no diagnóstico e tratamento do câncer de mama foi tema de audiência pública da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, na manhã desta quarta-feira (14). Proposta pela deputada Franciane Bayer (PSB), presidente da Frente Parlamentar sobre o Câncer na Mulher, a audiência reuniu médicos especialistas, pacientes e deputados, que defenderam a incorporação desses exames ao Sistema Único de Saúde (SUS) como forma de, ao mesmo tempo, salvar vidas e economizar recursos. “É muito importante para nós legisladores ouvir especialista no tema para garantir efetividade nas nossas ações” destacou Franciane ao salientar que a audiência atendeu uma solicitação do Instituto da Mama (Imama).

 

Segundo a médica mastologista Maira Caleffi presidente voluntária do Imama e da Federação Brasileira Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), 10% dos casos de câncer de mama são hereditários, o que representaria 6,6 mil mulheres do total de 66 mil diagnósticos da doença no Brasil neste ano. Ainda conforme a especialista, o diagnóstico precoce é fundamental e muito mais frequente no sistema privado do que no público. Os testes genéticos, segundo ela, possibilitam o aumento da sobrevida dos pacientes oncológicos, a identificação de famílias de risco e a personalização do tratamento com medicações específicas. 


O geneticista Osvaldo Artigalás destacou que, embora o percentual detectado pelos exames fosse pequeno, representava mais de 6 mil mulheres ao ano que poderiam estar cientes da sua condição antes mesmo de o tumor estar presente. Disse que, além disso, tratava-se de uma informação valiosa para toda a família. "Não é um teste barato, porém vale para toda a vida, não precisa ser repetido e, quando mostra uma alteração, permite que todos os familiares das pessoas sejam beneficiados", considerou. Disse ainda que os exames estavam restritos ao sistema privado e que os poucos pacientes que o fizeram de forma gratuita foi dentro de projetos de pesquisa, mas que a sua inclusão no sistema público teria um impacto gigantesco. “Serão menos pacientes indo para quimioterapia e radioterapia”, avaliou. “Menos pacientes chegando com neoplasias em estágio avançado”.


Cristiane Souza, que teve câncer de mama e atua hoje no Imama, descreveu a atuação da entidade no dia a dia. Segundo ela, foram realizados 555 atendimentos a pacientes e familiares de março a setembro. Ela também reforçou a importância de se exigir o cumprimento de leis que amparavam os pacientes, como a Lei da Mamografia, que assegura a realização de mamografia para todas as mulheres a partir dos 40 anos, a Lei dos 30 dias, que estabelece prazo para a realização de exames a partir da suspeita, e a Lei de reconstrução mamária.


Ieda Beier relatou sua experiência de ter sido diagnosticada três vezes com câncer. Contou que sua mãe, várias tias e, posteriormente, também sua filha de 20 anos tiveram a doença e que por meio de teste genético descobriu ser portadora da mutação BRCA1, o que permitiu que toda a sua família conhecesse sua condição e tomasse as medidas mais adequadas em cada caso. 


Com Agência de Notícias da ALRS/ Foto: Aryan Morais

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