Catarina Paladini homenageia os 70 anos do PSB 
no período do Grande Expediente 



 O deputado Catarina Paladini (PSB) ocupou o espaço do Grande Expediente desta quarta-feira (16), na Assembleia, para homenagear os 70 anos do Partido Socialista Brasileiro. “Saúdo meus colegas de bancada no Parlamento, prefeitos, vice-prefeitos, vereadores, demais companheiros partidários, militantes da causa socialista, sendo que na figura do Jair Krischke, nosso primeiro presidente após a refundação, saúdo todos os 58 mil filiados ao PSB no Rio Grande do Sul”, iniciou o parlamentar.

 Ao falar da trajetória histórica da agremiação, Catarina Paladini recordou o 6 de agosto de 1947. “Por meio de resolução do Tribunal Superior Eleitoral, ficou aprovado o registro das alterações nos estatutos da Esquerda Democrática, passando a denominar-se Partido Socialista Brasileiro. O que parece mero requisito formal”, prosseguiu, ”a mudança de sigla trouxe histórias de idas e vindas, de um movimento a procura de sua identidade e de superação dos modelos políticos vigentes no cenário nacional, culminando com a criação de um partido defensor do Socialismo Democrático”.


Trajetória
Terminada a segunda guerra mundial, continuou o deputado, repercute no Brasil a vitória sobre as forças nazifascistas, determinando a exigência do fim do Estado Novo e a reivindicação de um regime democrático com eleições gerais. “Em 25 de agosto de 1945, antes da deposição de Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, um grupo de políticos de vários estados brasileiros, liderados por João Mangabeira, publicava o Manifesto da Esquerda Democrática, defendendo a lenta e gradual socialização dos meios de produção; a defesa do regime democrático baseado no voto direto e secreto; a liberdade de pensamento, liberdade de crença e culto, a autonomia sindical e a liberdade de greve”, elencou Paladini.

Aqui no Estado, agregou, ativistas igualmente aderiram às teses de João Mangabeira, Hermes Lima, Rubem Braga e Sergio Buarque de Holanda. “Assim, em 18 de outubro de 1945, reuniu-se a Comissão Estadual da Esquerda Democrática, alicerçando as bases do futuro Partido Socialista Brasileiro no Rio Grande do Sul”, lembrou, destacando a figura de Bruno de Mendonça Lima, natural de Rio Grande. “Jurista reconhecido, foi um dos autores do primeiro Código Eleitoral Brasileiro, em 1932, que instituía o voto feminino, voto secreto e a representação proporcional”, sublinhou.

Acervo
Ainda em relação ao RS, Catarina Paladini afirmou que não poderia ser possível homenagear os 70 anos do PSB no Estado sem falar do advogado, militante e dirigente político Germano Bonow Filho, de Porto Alegre, que nasceu em 1913 e faleceu em 1984. “Agradeço desta tribuna à família de Germano Bonow Filho. Da mesma forma seguem os agradecimentos a Germano Mostardeiro Bonow, ex-deputado desta Casa e, em especial, à sua filha Andrea Mostardeiro Bonow, por permitir que a Fundação João Mangabeira do RS tivesse acesso ao acervos de documentos do PSB, de 1945 até 1960. São livros de atas, correspondências internas, telegramas, panfletos, faixas, jingles e fotos. Material imprescindível para quem quiser saber ou contar a história do partido no Rio Grande do Sul”, referenciou. Hoje, “conhecemos mais sobre a nossa história graça a estes documentos”, completou.

De outra parte, analisou que nem sempre foi possível manter o equilíbrio entre a defesa intransigente da liberdade, da democracia interna, dos compromissos filosóficos e programáticos socialistas e as exigências pragmáticas do jogo eleitoral. “Se, em 1945, a candidatura udenista do Brigadeiro Eduardo Gomes serviu para unificar uma tomada de posição de um grupo de políticos progressistas e para organizar um novo partido de esquerda e democrático, em outros momentos o PSB, ao procurar se afastar de políticos autoritários, se viu em situações delicadas”, destacou.

Já em 1955, a sigla apoiaria a candidatura conservadora de Juarez Távora e chegaria a apoiar Jânio Quadros para prefeito de São Paulo. Decisões que dividiram e descaracterizaram o PSB à época. “Atualmente, a sigla atravessa um destes momentos, onde uma parte significativa da Bancada Federal, alheia às decisões políticas da Direção Nacional, alheia à vontade manifesta da sociedade de forma amplamente majoritária, bem como da nossa militância, amplamente consultada, prefere o conforto das conveniências fisiológicas, dando guarida às propostas antipopulares do governo Temer”, contextualizou.

Felizmente, os deputados federais gaúchos, Heitor Schuch e José Stedile, ressaltou Paladini, “têm sido intransigentes na defesa dos trabalhadores, ao passo que nosso presidente Beto Albuquerque segue firme combatendo os oportunistas que se instalaram na nossa legenda”.

O parlamentar voltou a resgatar episódios que serviram à construção e consolidação da sigla. “Durante 20 anos lutamos pelo retorno de nossas liberdades, sendo que, ao final dos anos 70, o Brasil retoma lentamente o caminho democrático. Desta forma”, relembrou, “no dia 2 de julho de 1985, o PSB é refundado por um grupo de estudantes e professores universitários, com o apoio de remanescentes da Esquerda Democrática. Conserva o programa de 1947, de caráter socialista e democrático”.

Episódios mais recentes
No RS, no final de julho de 1985, após reuniões preparatórias, é constituída a Comissão Provisória Estadual do PSB, sendo seu primeiro presidente Jair de Lima Krishke. “O grupo formado conduziu o Partido Socialista Brasileiro às eleições de 1986, onde Fúlvio Petracco retorna ao comando do partido e é candidato ao governo do Estado, com o bordão que ficou imortalizado “Petraco neles!”. Sem dúvida, um nome importante à consolidação do PSB gaúcho”, frisou.

No seu discurso, Catarina Paladini continuou a percorrer episódios, mais recentes, da história do partido. “Na fase mais recente, após redemocratização, pode-se afirmar que o PSB tem um viés mais popular, de todos aqueles que vivem do seu trabalho, segundo nosso próprio programa. É também um partido muito mais afeito à disputa eleitoral”, comemorou, recordando que o deputado estadual Jauri Oliveira, eleito pelo PMDB gaúcho nas eleições de 1986, transferiu-se para o PSB, constituindo assim a primeira bancada do PSB no Rio Grande do Sul, após a redemocratização.

Em julho de 1989, contou, o senador José Paulo Bisol se filia ao PSB. No mesmo ano, concorre a vice-presidente da Republica na chapa da Frente Brasil Popular encabeçada por Luís Inácio Lula da Silva. Em 2002, Caleb de Oliveira, e em 2006, Beto Grill, representam o partido nas eleições ao governo estadual. Catarina Paladini prosseguiu narrando a trajetória da sigla.

Eduardo Campos
“Em 2010, o PSB passa a comandar seis Estados, obtendo o segundo melhor resultado em número de governos estaduais. Em 2012, o PSB elege 444 prefeitos, tornando-se o partido com o maior número de capitais e o maior percentual de reeleição de prefeitos, que foi de 71%. O contexto deu condições para que pudéssemos pensar em apresentar um projeto político transformador para o País. Foi lançada, então, a candidatura de Eduardo Campos à presidência da República”, recordou.

Eduardo Campos, adendou, construiu uma trajetória política incomum, sendo considerado, por cinco vezes, o melhor governador do Brasil, com 90% de aprovação ao deixar o governo Pernambuco. “A tragédia que o vitimou, em 13 de agosto de 2014, não arrefeceu seu legado na memória dos socialistas”, assegurou Catarina Paladini.

Antes de encerrar, fez referência especial a Beto Albuquerque. “Desta tribuna enfatizo a coragem e o desprendimento do meu amigo e líder Beto Albuquerque, militante e construtor histórico do nosso partido no Estado e no país, com 32 anos de filiação em seu único partido, e que não hesitou em sacrificar sua candidatura ao Senado, em 2014, para assumir a condição de candidato a vice de Marina Silva, naqueles difíceis dias a todos os socialistas!”, e concluiu: “Não vamos desistir do Brasil!”

Apartes e autoridades
Em apartes, manifestaram-se os deputados Elton Weber (PSB), Ibsen Pinheiro (PMDB), Juliano Roso (PCdoB), Miriam Marroni (PT), Frederico Antunes (PP), Ciro Simoni (PDT), Missionário Volnei (PR) e Pedro Ruas (PSOL).

Compuseram a Mesa das autoridades, além do presidente Edegar Pretto (PT), o secretário de Estado do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, Tarcísio Minetto, representando o governador José Ivo Sartori; o presidente estadual do PSB, Beto Albuquerque; o secretário da Juventude do PSB nacional, Tony Séchi, representando o Diretório Nacional; o representante da Defensoria Pública, Rafael Rodrigues Pinheiro Machado; a reitora da Uergs, professora Arisa Araújo da Luz; o presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Keischke, primeiro presidente quando da refundação do PSB; a representante da Secretaria das Mulheres do PSB estadual, Anabel Lorenzi; Andrea Mostardeiro Bonow, colaboradora do Acervo Histórico do PSB; e os ex-deputados Germano Bonow e Mike Breier.

Celso Luiz Bender - MTE 5771 | Agência de Notícias -  Fotos: Marcelo Bertani e Vinicius Reis