ARTIGO: Uma seca histórica


* Elton Weber 

O ciclo agrícola 2019-2020 iniciou com perspectivas animadoras no Rio Grande do Sul. Entretanto, uma seca quase sem precedentes, comparável apenas a enfrentada pelos agricultores gaúchos em 2005, abalou o campo e deixou um rastro de prejuízos incalculáveis.


Os mais de seis meses com rara ocorrência de chuva afetou a produção de grãos, a pecuária de corte e de leite, secou rios e açudes, deixou com unidades sem água para consumo e colocou sete a cada dez municípios do Estado em situação de emergência.

O cenário desolador de quase nenhuma chuva por quase sete meses piorou com a explosão do coronavírus no mundo a partir de março, afetando as exportações de alimentos e a comercialização das agroindústrias familiares com o cancelamento de exposições agropecuárias e feiras.  

A perda no Valor Bruto de Produção chegou a R$ 15,48 bilhões em abril segundo a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul. Isso considerando apenas perdas com as culturas de soja e milho. Dados consolidados da Emater indicam que o Estado colherá 22,46 milhões de toneladas de grãos, um recuo de 32,5% sobre a projeção inicial para a safra, impacto que se estende pela economia dos municípios e afeta seriamente a receita do Rio Grande do Sul.

Em meio ao agravamento da crise e a pressão de entidades como a Fetag-RS e parlamentares, foram anunciadas medidas de socorro federal que lamentavelmente não se concretizaram, como o crédito emergencial para agricultores familiares no valor de R$ 20 mil e o pagamento de R$ 1 mil de Bolsa Estiagem pelo período de três meses a quem não se enquadrasse em nenhuma renegociação. No âmbito estadual, apesar da suplementação no Troca-Troca Forrageira ter saído, os agricultores tiveram que esperar por meses a anistia no pagamento de R$ 17,3 milhões, que, para completar, foi parcial.

Mesmo com todas as frustrações e em meio a crise do coronavírus, o agricultor gaúcho segue produzindo e respondendo rapidamente a demanda por alimentos no país. Precisamos que os governos adotem a mesma rapidez para dar suporte a esse segmento que alicerça a economia num momento de dificuldades extrema, reconhecendo o protagonismo do campo, especialmente da agricultura familiar que responde por 70% do alimentos na mesa dos brasileiros.

*Deputado Estadual 

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