O futuro da agricultura familiar gaúcha



A agricultura familiar gaúcha se destaca entre as maiores do país e representa fonte de alimentos e matéria-prima para o Rio Grande do Sul e quase todos os estados brasileiros. Na últimas décadas, ela vêm se modernizando e investindo em tecnologia para aumentar a qualidade e produtividade. Todo esse esforço e protagonismo, contudo, não lhe garante o futuro. Apesar de sua organização na construção de políticas públicas, a categoria carece de novas ações continuadas que sustentem o seu crescimento.


Com carências seríssimas de infraestrutura no meio rural, o agricultor observa seu lucro se perder em estradas precárias e deixa de aproveitar oportunidades porque a Internet e a telefonia são vergonhosas na grande maioria dos municípios. A qualidade da energia elétrica também tira o sono das famílias, causando prejuízos a cada temporal, e freando a ampliação empreendimentos, como na avicultura e nas agroindústrias. Sem redes compatíveis com as atividades, não há luz no horizonte.

As dificuldades de infraestrutura afetam ainda a permanência dos mais jovens no meio rural. Desestimulados, especialmente com a falta de acesso à comunicação básica e pedagogia específica para sua realidade, eles estão migrando para a cidade. O Censo Agropecuário 2017 mostra que sem renovação, a taxa de pessoas com mais de 65 anos cresceu de 17,52% para 21,4% desde 2006. Em contrapartida, caiu de 13,56% para 9,48% o percentual de homens e mulheres entre 25 e 35 anos no período.

O futuro também passa por menos burocracia nas legislações sanitária e ambiental, bem como por uma política de crédito fundiário robusta, que atenda às necessidades do agricultor que hoje convive com um programa que agoniza há mais de três anos porque as promessas federais não se concretizaram. Na encruzilhada entre a estagnação e o progresso, são necessários igualmente programas de crédito diferenciado, maior investimento público em pesquisa e assistência técnica e um seguro agrícola eficiente.

São muitos os desafios, mas neste caminho de incertezas o agricultor segue firme, fazendo o seu trabalho, convicto de que o mercado é promissor, e atento a busca por produtos diferenciados e com valor agregado cada vez mais demandados pelo consumidor. Acreditamos que um país grande como o Brasil tem de começar a fazer opções agora para continuar a ser gigante na oferta mundial de alimentos.

Texto: Patricia Meira / Foto: Ariel Pedone

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