Audiência pública discute construção de projeto de inclusão de línguas e culturas locais no currículo escolar


Na semana em que a vedete é a Expointer, o Plenarinho da Assembleia Legislativa lotou com professores, pesquisadores, estudantes do Ensino Fundamental, vereadores e prefeitos de dez municípios para a audiência pública sobre a inclusão da disciplina “Línguas e Culturas Locais” no currículo escolar do Estado. Falantes de nove das 220 línguas indígenas e de imigração existentes no país uniram seus idiomas numa só direção: pedir apoio do Parlamento para que a demanda prospere, invertendo a tendência de morte das identidades locais.



Proponentes da audiência da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa e de regiões com forte imigração, os deputados Elton Weber (PSB) e Carlos Búrigo (MDB) se comprometeram a ajudar na construção do projeto, que vem sendo costurado pelo Colegiado Setorial da Diversidade Linguística do Rio Grande do Sul e organizações junto à órgãos estaduais.
A frente Colegiado Setorial da Diversidade Linguística do Rio Grande do Sul, o professor Cléo Altenhofen explica que a criação de uma disciplina irá salvaguardar línguas locais, sistematizar e regularizar experiências já em curso e fomentar a identidade local, além de colaborar para o turismo.

Os deputados se comprometeram a fazer o que estiver ao seu alcance para que o projeto possa chegar à Assembleia Legislativa ainda neste semestre. Em setembro, haverá uma reunião de trabalho. “Se não começarmos a trabalhar pela preservação das línguas nosso futuro está condenado. Tudo na história está ligado à linguagem”, analisa Weber.

 Durante o encontro, foram apresentadas experiências que estão ocorrendo em sala de aula em cidades como Camargo, Canguçu, Nova Hartz e Santa Maria do Herval. Representantes de grupos culturais de Caxias sugeriram a criação de um programa de salvaguarda do Talian, com preparação de instrutores, professores e prevendo até formas de contratação de docentes.
Para Búrigo, as iniciativas são essenciais para manutenção não só de línguas e culturas, mas também das tradições. Já a presidente da Comissão, deputado Sofia Cavedon (PT), disse que o projeto vem de encontro a construção de uma escola democrática, plural e inclusiva. A audiência pública terminou com a apresentação das alunas da Escola Municipal Carlos Moreira, de Canguçu, que cantaram um hino em pomerano, aplaudidas de pé.

Texto: Patricia Meira / Foto: Thais Gonçalves

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