Comissão Especial discute interoperabilidade do sistema de transporte na Região Metropolitana


Pressionado pelas facilidades oferecidas pelos aplicativos, o transporte coletivo está diante de uma nova encruzilhada: ou se reestrutura ou está fadado a continuar perdendo usuários para sistemas mais modernos, baratos e confortáveis. Com base nesta nova realidade, a Comissão Especial de Integração do Transporte Metropolitano, que tem como relatora a deputada Franciane Bayer (PSB), realizou na tarde desta segunda-feira (8), mais uma audiência pública com o propósito de discutir alternativas para a qualificação da mobilidade urbana no Rio Grande do Sul. O encontro, que reuniu representantes de órgãos governamentais e de associações de transportadores, tratou da interoperabilidade dos sistemas de transporte na Região Metropolitana de Porto Alegre.


A interoperabilidade, capacidade de um sistema de dialogar com outro, é apontada pelos especialistas como um dos caminhos para que o transporte coletivo seja racional, integrado e módico. No entanto, numa região que agrega 34 municípios com regras e tarifas diferentes, não é uma tarefa fácil. O maior desafio, segundo o representante da Associação dos Transportadores Intermunicipais Metropolitanos de Passageiros (ATM) Fernando Lindner, é criar um modelo que permita a integração de sistemas diferentes e garanta o ressarcimento adequado dos custos de cada um.

Mais do que uma solução técnica, o problema requer o enfrentamento político e institucional. O gerente de Tecnologia da Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP), Paul Kullack, acredita que a questão tecnológica se resolve com facilidade, mas que a questão política é mais delicada. “É preciso ter uma estrutura governamental que pense o transporte coletivo como um todo e crie padrões. Também é fundamental ter um modelo de negócios definidos, que leve em conta as diferenças existentes”, defendeu.

Na mesma linha, a representante da Associação das Empresas de Transporte Coletivo Metropolitano e Urbano de Passageiros das Regiões Leste, Oeste e Norte da Região Metropolitana de Porto Alegre Aline Riffel concorda com a necessidade de adotar a interoperabilidade, mas considera que a medida só vingará se for determinada pelo Poder Público. “A interoperabilidade é cada vez mais necessária para garantir sustentabilidade ao sistema, mas cada vez mais distante. Só prosperará se for determinada”, apontou, defendendo a necessidade de implantação de uma câmara de compensações e de definição de regras de negócio.

A deputada Franciane Bayer (PSB), reiterou na audiência que sua intenção é produzir um relatório com recomendações exequíveis, que sirvam de base para que “se dê o primeiro passo na reestruturação do sistema”. A Comissão é presidida pelo deputado Sebastião Melo.

Também participaram da audiência pública o diretor da Metroplan Danilo Landó; o engenheiro da Trensurb Frank Ferreira; a gerente de Operações da Carris, Ivete Gallo; o técnico da EPTC Luís Cláudio Ribeiro, e o diretor do Consórcio Gestor de Bilhetagem Metropolitana, Érico Michels.

Texto: Fabiana Calçada / Foto: Ariel Pedone

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