Franciane Bayer instala Frente Parlamentar de Combate ao Suicídio


A Assembleia Legislativa instalou na tarde desta segunda-feira (10), em ato no Salão Júlio de Castilhos do Palácio Farroupilha, a Frente Parlamentar de Combate ao Suicídio. “Este momento marca o início de um debate que, com os devidos cuidados, precisa ser feito”, disse a presidente e autora da iniciativa, deputada Franciane Bayer (PSB).


“Nosso país e nosso estado estão perdendo muitas vidas que, por não encontrarem mais sentido em viver, acabam por desistir e, quando alguém desiste de viver, a sua família também morre um pouco, toda a sociedade morre um pouco, pois além da dor, fica a sensação de que perdemos a luta”, disse a deputada, que tem entre suas bandeiras a defesa da vida.

Conforme a parlamentar, a frente pretende ser um instrumento de auxílio para as instituições que trabalham no enfrentamento ao suicídio. A ideia é fomentar a consciência de que a identificação dos sinais de ansiedade e depressão podem salvar a vida de uma pessoa. “Precisamos criar ambientes que possibilitem à família, aos amigos e aos professores identificar estes sinais”, afirmou. “Não podemos deixar esta tarefa só para os profissionais da saúde, em especial a mental, pois nem todas as pessoas procuram socorro ou têm acesso a um tratamento adequado”, disse. 

A deputada lembrou que a frente parlamentar dava continuidade a trabalho iniciado na legislatura passada por sua irmã, Liziane Bayer (PSB/RS), hoje deputada federal. No dia 8 de julho, no auditório do Ministério Público do Rio Grande do Sul, as duas deputadas conduzirão um seminário sobre o tema.

Assunto tabu
Como secretária-geral da Frente Parlamentar de Combate ao Suicídio e Automutilação da Câmara Federal e relatora da Subcomissão Especial de Adoção, Pedofilia e Família, vinculada à Comissão de Seguridade Social e Família, a deputada Liziane Bayer observou que a suicídio infanto-juvenil era um grande tabu, mas que “no silêncio da sociedade”, ele crescia a cada ano, destruindo milhares de famílias. “Tratar do suicídio é pensar em soluções para salvar vidas; vidas essas que se perdem por falta de estrutura, falta de aconselhamento e falta de carinho”, disse Liziane.

Para a parlamentar federal, é preciso enfrentar o problema, a despeito do desconforto que ele gera. “Temos de pensar, falar e agir para enfrentar a epidemia do suicídio”, defendeu. Segundo ela, a taxa de suicídio na faixa etária de 10 a 14 anos aumentou 40% em dez anos no país. A desestruturação familiar, com pais cada vez mais distantes dos filhos, o abandono emocional e os abusos psicológicos e físicos estão muito presentes nas tentativas de suicídio infanto-juvenil, segundo a deputada, bem como a falta de perspectivas de vida, as angústias, a depressão e o bullying. “Mas é evidente que não podemos reduzir a questão somente à família, pois há aspectos clínicos relevantes que devem ser considerados”, disse. “É também uma questão de saúde pública e exige, como tal, políticas públicas dirigidas e eficientes”.

A promotora Liliane Dreyer da Silva Pastoriz, da Promotoria de Defesa dos Direitos Humanos do Ministério Público, apresentou números indicando aumento nas notificações de suicídios em todas as faixas etárias, de 2011 a 2017. Disse que eram importante essas notificações para o encaminhamento e tratamento adequado do problema.

Representando a Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, Berenice Rheinheimer disse que os casos de suicídios eram bem documentados, porém não havia um banco de dados das tentativas de suicídio e que isso seria importante para a elaboração de políticas públicas. Segundo ela, o que se sabia era que os desfechos fatais eram maiores entre os homens, enquanto as mulheres realizavam mais tentativas. Disse que, segundo dados da OMS, o número de suicídios por ano no mundo era de 800 mil e que a projeção para daqui a 15 anos era de mais de 1 milhão.

A representante do Comitê Estadual de Promoção da Vida e Prevenção ao Suicídio, Marilise Fraga de Souza, descreveu as ações desenvolvidas pelo órgão e o trabalho de qualificação das redes de apoio. 

Ao final dos pronunciamentos, foi apresentado um vídeo produzido pelo gabinete da deputada Franciane Bayer, com dados do Comitê Intersetorial de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio e a participação de jovens da Juventude da Graça. A deputada ainda informou que o Centro de Valorização da Vida atende pelo telefone 188.

Texto: Marinella Peruzzo / Foto: Celso Bender

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