Cooperativas escolares serão homenageadas em Grande Expediente da Assembleia



     Cerca de 3,2 mil jovens de 10 a 17 anos estão transformando a realidade de suas famílias, escolas e comunidades com lições de gestão, empreendedorismo, cidadania e união. Os estudantes participam de 102 cooperativas escolares do ensino Fundamental e Médio no Estado promovidas e desenvolvidas em sua maioria pelo Sicredi dentro dos seus Programas Socioeducacionais, apoiadas e reconhecidas pelo Sistema Ocergs e que serão homenageadas pelo deputado estadual Elton Weber. O Grande Expediente, acontecerá no dia 28 de junho, às 14h, no Plenário da Assembleia Legislativa, na Capital. A homenagem é alusiva também ao Dia Internacional do Cooperativismo, comemorado em julho. “Esses jovens têm a oportunidade de aprender, se tornar empreendedores de suas vidas e mudar a sociedade ao redor”, diz o deputado.


     O Rio Grande do Sul é protagonista no país no fomento das cooperativas escolares e serve de modelo para estados como Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, Espirito Santo, Mato Grosso, Tocantins e Pará. Presentes em 43 municípios gaúchos, as cooperativas escolares seguem os sete princípios do cooperativismo e trabalham com base em quatro pilares: formação de lideranças, educação financeira, empreendedorismo e inclusão social.

     No dia a dia, os adolescentes desenvolvem todas as práticas de funcionamento e propósitos de uma cooperativa, como por exemplo: organizam assembleias, pesquisam, elaboram estudos e desenvolvem projetos da horta, passando pela reciclagem e até o turismo pedagógico. “Os princípios do cooperativismo constituem o currículo da cooperativa escolar. Não é só teoria”, explica o professor Everaldo Marini, consultor da Casa Cooperativa de Nova Petrópolis e de outras instituições fomentadoras brasileiras. “É um laboratório, em que o desenvolvimento de habilidades e a transformação social são os principais objetivos”, explica Marini.

     Segundo o vice-presidente da Central Sicredi Sul/Sudeste, Márcio Port, um dos desafios da ampliação deste trabalho de base é que os professores tenham quatro horas semanais livres no contra turno para orientação de alunos. “É um projeto exitoso, importante, já temos jovens na idade adulta, assumindo papel de protagonismo em cooperativas, empreendendo e participando do mercado de trabalho. É isso que fazemos, plantar uma semente de fato para um mundo melhor”, afirma Port.

     O presidente do Sistema Ocergs/Sescoop, Vergilio Perius, acredita que das cooperativas escolares sairão futuros líderes não só do cooperativismo, mas da sociedade em geral. “O ensino do cooperativismo se fortalece não através de uma disciplina, mas pela prática pedagógica que cada professor desenvolve em sala e fora de sala de aula”, destaca. Perius destaca a importância de fortalecer o cooperativismo, elo forte da economia brasileira e fator de desenvolvimento social diferenciado.
     De acordo com pesquisa da FEA-USP de Ribeiro Preto, municípios que têm cooperativas apresentam um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) superior aos demais. A diferença pode ser explicada porque os resultados gerados ficam na região, movimentando a economia local e trazendo mais renda e qualidade de vida.


Saiba mais:

- As primeiras experiências de cooperação escolar surgiram na década de 1980 no RS;

- As cooperativas escolares foram impulsionadas no começo da década de 1990, através do Programa União Faz a Vida, do Sicredi, criado com o objetivo de transformar a percepção das pessoas sobre sua capacidade de ser protagonista de seu desenvolvimento social e econômico;

- O boom acontece a partir de 2010 com um termo de irmandade entre Nova Petrópolis, Capital Nacional do Cooperativismo, e a cidade argentina de Sunchales, Província de Santa Fé. A partir desta parceria, o cooperativismo passou a ser base de aprendizado nas escolas com fomento da Casa Cooperativa de Nova Petrópolis, mantida pela Sicredi Pioneira e a Cooperativa Piá. A troca de experiências acontece sistematicamente.

- Entre 50% e 60% das cooperativas escolares do Rio Grande do Sul são urbanas;

- Atualmente, 66% dos presidentes das cooperativas escolares são meninas. Já nas 420 cooperativas do Estado, apenas 6,7% tem uma mulher no comando.


Texto: Patrícia Cardoso / Foto: Divulgação