Deputada Liziane instala Frente Parlamentar 
em Defesa da Nefrologia Gaúcha 


A Assembleia Legislativa instalou, na tarde desta segunda-feira (21), a Frente Parlamentar em Defesa da Nefrologia Gaúcha, que será presidida pela deputada Liziane Bayer (PSB). O principal objetivo da iniciativa, segundo a deputada, é instituir um fórum permanente de discussão e formulação de propostas para contribuir com a melhoria das condições de atendimento dos pacientes renais no Rio Grande do Sul.

“Sei, por conta da convivência pessoal, das dificuldades que os pacientes renais enfrentam no dia a dia. Por isso, faremos uma frente de resultados, que colabore para encontrar formas de garantir uma melhor remuneração para as clínicas, hospitais e profissionais da saúde, promova a conscientização para a necessidade de doação de órgãos e valorize as equipes médicas dedicadas aos transplantes”, declarou Liziane na cerimônia que reuniu médicos, pacientes, familiares e gestores da saúde no Salão Júlio de Castilhos da Assembleia Legislativa.

Cerca de 130 mil brasileiros são pacientes renais crônicos. Mais de 85% deles dependem do Sistema Único de Saúde para para realizar hemodiálise e diálise peritoneal. No entanto, o subfinanciamento do SUS tem provocado o fechamento de clínicas de nefrologia no País inteiro, restringindo o acesso ao tratamento. O alerta foi feito pela diretora do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Gisele Lobato. “A nefrologia está em situação delicada. Os repasses não dão conta da hemodiálise e da diálise. E nestes casos, não há fila de espera, Quem não tiver acesso, morre”, frisou.

Ela revelou ainda que as verbas destinadas a custear estes tratamentos em todo o País somam R$ 2,7 bilhões e estão congeladas há cinco anos.

A presidente da Sociedade Gaúcha de Nefrologia, Miriam Gomes, afirmou que os seis mil gaúchos que necessitam de diálise ou transplantes são atendidos por 60 clínicas, credenciadas pelo SUS. Em função dos baixos valores pagos, o Rio Grande do Sul, segundo ela, não tem aberto novas vagas. Além disso, medicações essenciais não têm sido fornecidas com regularidade, agravando, em muitos casos, a situação dos pacientes. Miriam defendeu o cofinanciamento para as sessões de diálise, a criação de um centro de vascularidade e a isenção de tributos para os prestadores de serviços.



Já a representante do Conselho Regional de Medicina Cíntia Vieira afirmou que não é só o SUS que está com os valores defasados. O Instituto de Previdência do Estado (IPE), de acordo com a médica, não atualiza sua tabela há seis anos. “Com isso, o valor da sessão de diálise está menor do que o pago pelo SUS”, comparou.

Drama
Em nome da Associação de Pacientes Renais Crônico, Guilherme Molter falou sobre o drama de quem necessita de tratamento para doenças renais. “Muitos conseguem fazer o tratamento, mas não têm dinheiro para comprar os remédios. Estou cansado de ver amigos morrendo. A clínica em que faço hemodiálise já fechou o turno da noite, por falta de verbas. Estamos apreensivos, temendo que ela possa fechar completamente”, revelou.

O diretor da Federação das Associações dos Transplantados Renais, Renato Padilha, chamou a atenção para a importância do diagnóstico precoce e da prevenção. “Ter hábitos saudáveis, praticar atividade física, controlar o peso, evitar o consumo de sal e controlar a pressão são regras importantes para manter a saúde dos rins”, elencou.

Representando a senadora Ana Amélia Lemos (PP), o jornalista Flávio Dutra afirmou que a luta por tratamento digno para os pacientes renais é uma bandeira da parlamentar gaúcha, que vêm fazendo uma série de tratativas junto ao Ministério da Saúde.

Nos próximos dias, a Frente Parlamentar em Defesa da Nefrologia Gaúcha deverá realizar a primeira reunião de trabalho para elaborar o seu cronograma de atividades. Segundo Liziane, uma das primeiras ações deverá ser o agendamento de um encontro com o presidente do IPE, Paulo Ricardo Gnoatto, conforme deliberado em audiência pública que abordou o tema.

Texto: Olga Arnt - MTE 14323 -  Foto: Marcelo Bertani