Artigo Catarina Paladini

 O voto nosso de cada dia


Engana-se quem pensa que, no Brasil, votamos a cada dois anos ou de quatro em quatro anos. Votamos diariamente. Todos os dias as escolhas que depositamos – ou teclamos – nas urnas nos revisitam, nos dão bom dia – ou não tão bom assim.

O voto nosso de cada dia está presente na segurança pública da nossa rua, da nossa cidade, no transporte até o trabalho, no preço do alimento que é impactado pela infraestrutura, na qualidade do ensino e das escolas para nossos filhos, no atendimento ofertado nos hospitais e postos de saúde, enfim, nos mais variados momentos do nosso cotidiano.

Omitir-se não isentará ninguém da responsabilidade que cada cidadão tem pelo futuro do Rio Grande do Sul e do Brasil
Essa constatação torna ainda mais preocupante o recorde de abstenção e votos nulos ou em branco que institutos de pesquisa, cientistas políticos e estudiosos do comportamento eleitoral estão prevendo para o pleito do próximo dia 7 de outubro.



Não apenas pela propagada desilusão com a classe e tudo mais que ela carrega consigo – e muitas vezes com razão, reconheça-se –, mas principalmente por que a menor participação popular poderá dificultar e atrasar ainda mais o necessário processo de depuração pelo qual os poderes legislativo e executivo precisam passar.

De forma bem objetiva: alguém será eleito e quanto menos pessoas interessadas ou participantes no dia 7 de outubro, pior para o nosso futuro como nação e como Estado. Em tempos de fácil e rápido acesso à informação, que literalmente está na palma da mão, pesquisar o histórico de um candidato e suas propostas não é tarefa difícil. Difícil será continuar a conviver com o voto nosso de cada dia se ele for dado de forma errada. Ou pior: se não tiver sido dado.

Omitir-se não isentará ninguém da responsabilidade que cada cidadão tem pelo futuro do Rio Grande do Sul e do Brasil.