Depoimentos atestam importância da função
 social das Igrejas nos presídios gaúchos 



Na primeira audiência pública da Comissão Especial para tratar da Função Social da Igreja nos Presídios e Centros de Recuperação de Drogadição no RS, realizada na manhã desta sexta-feira (10), relatos de autoridades e entidades ligadas aos programas voltados à população encarcerada atestaram a importância da assistência espiritual nos presídios do Estado.

Conforme o relator da comissão, deputado Missionário Volnei (PR), o trabalho evangélico realizado nas casas prisionais do RS tem um papel essencial na recuperação de apenados, ajudando o Estado “sem nenhuma remuneração, mas com resultados efetivos”. Ele acredita que há a necessidade de regulamento da atividade para superar barreiras e preconceitos existentes.



Já a vice-presidente da comissão, deputada Liziane Bayer (PSB), afirmou que as políticas públicas de ressocialização de presos estão distantes da realidade. “O que realmente recupera um ser humano?”, questionou. Para ela, a resposta está no ensino de princípios e valores religiosos.

O presidente da comissão, deputado Sérgio Peres (PRB), relatou exemplos do trabalho de auxílio espiritual realizado nos presídios e centros de recuperação de drogados gaúchos realizados por diversas igrejas evangélicas sem custo para o estado. “O trabalho da igreja é recuperar valores perdidos pela família e com consequências nefastas para toda a sociedade brasileira” analisa Peres.

O deputado Tiago Simon (PMDB) garantiu que a insegurança que vive a sociedade envolve família, escola, drogadição e criminalidade. O parlamentar relatou visita ao Presídio Central de Porto Alegre: “Lá encontramos duas situações bem distintas, onde o pavilhão dos evangélicos se distingue da degradação humana do restante do presídio”. Tiago reconheceu que a assistência espiritual tem capacidade de transformar as pessoas, por isso reivindicou o acesso livre dos evangélicos nas casas correcionais, redução de pena para presos que fizerem a leitura da Bíblia e continuidade do serviço religioso para presos por pequenos delitos em comunidades terapêuticas.

O deputado federal Carlos Gomes (PRB/RS) reconheceu que o Estado não tem condições de ressocializar os apenados, enquanto que a atividade da Igreja é efetiva na recuperação. “Isso por que o trabalho de evangelização traz valores perdidos pela sociedade atual”, frisou.

Autoridades
Para o procurador Gilmar Bortolotto, do Ministério Público, o trabalho das Igrejas deve ser intensificado e, ao mesmo tempo, regulamentado o acesso aos presos. A diretora do Departamento Penal da Susepe, Mara Nadir Borba Minotto, anunciou que a Secretaria de Segurança está tratando da ampliação do número de casas correcionais com assistência religiosa. Já o delegado Sandro de Oliveira, também representando a Susepe, disse que o serviço prestado pelas Igrejas nos presídios tem sido fundamental para a efetivação da ressocialização. Ele citou estudos sobre resultados da assistência religiosa em todo o país. A defensora pública Bárbara Lenzi lembrou, ainda, que o papel da Igreja junto aos presos tem servido como mecanismo de controle das casas prisionais, além da reeducação efetiva de presos e presas. A delegada Nadine Anflôr, disse que não tem dúvidas da importância da religião em presídios. Ela relatou experiência na Delegacia da Mulher de Canoas. “A mulher quando chega na delegacia para denunciar seu parceiro, não quer vê-lo preso, quer a recuperação dele”, explicou. O capitão Vinícios Aires, do batalhão da Brigada Militar junto ao Presídio Central de Porto Alegre também defendeu o trabalho realizado pelas igrejas. Ele descreveu o apoio evangélico à programa de inserção social com apenados e familiares e ao programa de recuperação de drogados.

Entidades 
A representante da OAB, Andrea Teixeira da Rosa, concordou com a falta de valores da sociedade e alertou para as consequências da criminalidade e drogadição em crianças e adolescentes. O representante da Sociedade Bíblica do Brasil (SBS), Rene Assumpção, afiançou que drogados não são recuperados pelo sistema prisional. Ele sugeriu abertura de novas vagas em casas de recuperação - “Com custo bem menor que a construção de novos presídios”. Rene mostrou, ainda, o resultado do trabalho da SBB na recuperação de apenados no RS. A presidente do Conselho de Comunidade da 10° Delegacia Penitenciária Regional da Susepe, Simone Zanella Messias, apresentou o programa “Voltar a Confiar”, implantado em Porto Alegre, que atende a egressos do sistema carcerário e familiares. Representando cerca de 300 igrejas, o pastor Alcides Bayer lamentou os entraves para criação de igrejas no RS, afetando diretamente o serviço religioso oferecido em presídios.

Fonte: Vicente Romano - MTE 4932 | Agência de Notícias ALRS - Foto: Elaine Martins