Audiência debate rede de atendimento e enfrentamento
 à violência contra crianças e adolescentes


A Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, presidida pelo deputado Catarina Paladini (PSB), em parceria com o Comitê Estadual de Enfrentamento Sexual contra Criança e Adolescente RS e a Associação dos Conselheiros e Ex-Conselheiros Tutelares do Rio Grande do Sul (Aconturs), realizou na manhã desta quarta-feira (23) uma audiência pública para debater a rede de atendimento que atua no enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes. O secretário do Trabalho e do Desenvolvimento Social Miki Breier também participou do evento. Entre os encaminhamentos da audiência ficou acordada a criação de um grupo de trabalho para elaboração de uma publicação sobre o fluxo e procedimento na rede de atendimento de enfrentamento às vítimas no RS.


Catarina, presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, além de discutir as políticas de atenção que já estão em andamento, é preciso propor outras iniciativas de prevenção à violência e de proteção às vítimas. “Estudos estimam que a violência atinge 18 mil crianças por dia no Brasil. Além disso, o abuso sexual é o mais difícil de ser denunciado, por ser um dos temas mais delicados e cruéis que a sociedade enfrenta, especialmente pelos tabus ainda existentes. Só mudaremos esses números e realidades com políticas públicas eficientes”, salientou.

O parlamentar lembrou que uma das principais dificuldades de acontecerem denúncias se dá pelo fato de que a maioria dos agressores está dentro de casa ou é alguém da extrema confiança da família. “A nossa preocupação é encontrar meios que fortaleçam essa rede de atendimento, que as vítimas tenham suporte e atenção para que, se sentindo seguras, possam denunciar os abusos”, avaliou.

Miki Breier destacou que “esse tipo de violência não tem classe social e é muito mais frequente que se imagina, o que é ainda mais triste. E os registros que temos, as denúncias que recebemos, não refletem a nossa realidade. A criança e o adolescente são os que mais têm seus direitos violados. Precisamos de mais engajamento da sociedade para que denuncie os abusos, porque todos somos responsáveis pela segurança e a defesa dos direitos desses meninos e meninas que não podem ter sua infância ceifada”.

O presidente do Comitê Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes do RS, Júlio Lopes, frisou que a capacitação dos que integram a rede de atendimento é fundamental para que a criança receba o atendimento e o tratamento adequado, após a violência sofrida. “Atuo na área desde 1992, época em que não tínhamos qualquer informação e poucas referências de atendimento a esse tipo de crime. A resistência da denúncia era ainda maior. Muito já foi feito, mas precisamos mais. A atenção precisa ser de todos, do vizinho, da escola, dos profissionais da segurança”, afirmou. “Os Conselhos Tutelares são a principal referência, mas são muitos os lugares onde a vítima chega e todos precisam estar atentos para encaminhar de maneira correta. Uma criança violentada e mal atendida, é violentada duas vezes”.