Socialistas debatem meio ambiente e
 fluxo migratório no FST2016



Com a presença de filiados e representantes dos movimentos sociais do PSB de diversos estados, o Parque da Redenção recebeu nesta quinta-feira (21) o debate “Meio Ambiente com Sustentabilidade”. A atividade autogestionada integrou a programação do Fórum Social Temático 2016, que acontece de 19 a 23 de janeiro em Porto Alegre.



Organizado pelo Centro Social Visão Solidária – CEVIS em parceria com os segmentos do PSB, o debate contou com a participação do diretor-presidente do Sistema Autônomo de Água e Esgoto de Caxias do Sul – SAMAE, Elói Frizzo, e da cientista social Reginete Bispo, do Instituto Akanni. Também participaram da mesa de debates a diretora do CEVIS e secretária de mulheres do PSB/POA, Lourdes Dallacort, e o presidente da Fracab, Antônio Damasceno Lima. Ainda estiveram presentes o secretário nacional e o presidente nacional da Juventude Socialista Brasileira – JSB, Tony Sechi e Douglas Alves, a secretária nacional na Negritude Socialista Brasileira – NSB, Valneide Nascimento, a secretária-geral da Secretaria Nacional de Mulheres Socialistas, Francileide Fontinelle Passos, a dirigente do Movimento Popular Socialista – MPS Nilce Dias, representantes dos deputados socialistas Catarina Paladini e Liziane Bayer e o coordenador da Bancada do PSB na Câmara de Porto Alegre, Mauri Ramme.


Vereador licenciado de Caxias do Sul, Elói Frizzo está à frente da autarquia responsável pelo abastecimento de água e tratamento de esgoto da cidade serrana há três anos, período em que consolidou ainda mais a percepção de que o setor público com boa gestão pode garantir um retorno melhor à comunidade do que uma empresa privada. “O SAMAE é uma autarquia autossustentável. Temos um orçamento anual de R$ 200 milhões e, como não objetivamos o lucro, reinvestimentos todo o valor arrecadado em obras e serviços”, afirmou. Um dos últimos grandes investimentos do órgão comandado pelo socialista foi a construção de uma barragem que acumula até 3,3 bilhões de litros de água. “Como a cidade está em cima de morros e não conta com rios caudalosos, precisamos represar água para manter o abastecimento”, explica.

Frizzo defende que as instituições trabalhem a questão da sustentabilidade nas áreas ambiental, econômica e social. “No SAMAE, buscamos o equilíbrio, trabalhando para uma gestão eficiente, atuação social junto à população e redução de impacto no meio ambiente”, afirmou, destacando principalmente a preocupação ambiental na construção de barragens e o tratamento de esgoto. “Na prática, não existem divisas municipais. Se não tratarmos o esgoto de Caxias, ele descerá até o Guaíba”, exemplificou, ressaltando o avanço no tratamento de esgoto da cidade. Em 2015, o município serrano foi classificado pelo Instituto Trata Brasil como o 1º lugar no Estado em saneamento. O SAMAE também avançou na aproximação com a comunidade, educação ambiental e regularização de ligações de água.

Tratamento aos imigrantes e refugiados

Representando o Instituto Akanni, que atua no combate ao racismo e ao machismo, Reginete Bispo iniciou sua fala dizendo que embora pareça distante, a questão da imigração tem relação com a sustentabilidade, já que precisamos aprender a viver de forma harmoniosa e sustentável no ambiente que dividimos.  “Os lugares de onde vem o maior fluxo migratório hoje – América Central, África e agora Oriente Médio - são lugares onde o homem exerceu com mais força a intervenção sobre a natureza e o povo”, afirmou. Reginete lembrou a diferença entre imigrante e refugiado, explicando que um refugiado sempre será um imigrante, mas que está deixando seu país por motivo de guerra ou algum tipo de perseguição, como a religiosa e política. “Os haitianos, por exemplo, que saíram de seu país após uma catástrofe natural, são considerados refugiados temporários. Já os senegaleses se deslocam em função do mercado de trabalho”, citou, lembrando que o Brasil agora começa a receber refugiados sírios.

A ativista falou sobre a importância do acolhimento aos imigrantes e refugiados que procuram no Brasil uma vida melhor. “Todos nós que não somos índios também somos parentes de imigrantes. O Brasil avança no sentido de receber a todos, mas ainda precisamos combater a xenofobia e o preconceito”, afirmou, lembrando que muitos brasileiros rotulam os imigrantes haitianos como ignorantes, mas que a maioria tem alta escolarização e conhecimento cultural. Para Reginete, a realidade vivida hoje no Brasil, onde se chegam todos os dias imigrantes e refugiados, reascende o debate sobre a condição do negro na sociedade e sobre a importância de se combater o preconceito nas instituições e na comunidade.Texto e foto: Ana Luiza Zancan