No FSM 2016 socialistas
 debatem crise brasileira


Cerca de 200 lideranças socialistas gaúchas e de mais 11 estados participaram de oficina promovida pela Fundação João Mangabeira em parceria com os movimentos organizados do PSB na sexta-feira, 22, em Porto Alegre. O debate sobre A Crise e as alternativas para o Brasil ocorreu na Sala de Convergência da Assembléia Legislativa que ficou lotada.


Foram palestrantes o vice-presidente nacional da sigla, Beto Albuquerque e o deputado federal, José Stédile. Beto, que também é presidente do PSB/RS, saudou os participantes do FSM lembrando que a sigla sempre teve protagonismo nos debates do evento que completa 15 anos. “Temos que estar presentes nas lutas e nos debates da esquerda brasileira e mundial. A disputa ideológica é uma gangorra. Quando a esquerda fraqueja, dá margem para o crescimento dos discursos conservadores. A esquerda não pode errar, não pode trair um país, não pode confundir projeto de poder com o projeto de nação”, disse, em crítica ao governo do PT.  “ Eles não aceitam críticas, debates, não ouvem sugestões e tratam seus adversários como inimigos”. Em relação aos desafios da esquerda na atualidade, o socialista defendeu o debate político, econômico e fiscal pelo viés progressista, que honre e resgate a trajetória da corrente ideológica que tem como representante o PSB. “Nosso partido rompeu com o governo federal por discordar dos rumos econômicos já em 2013. 

Em diversas oportunidades Eduardo Campos alertou a presidente Dilma que seria preciso ajustar os rumos, sob pena de sofrer com a volta da inflação, com o retrocesso, o desemprego. A previsão de Eduardo se confirmou e se agrava a cada ano, pois o governo federal não apresentou nenhuma medida que seja capaz de reverter o caos e iniciar a retomada do crescimento econômico e social. Pelo contrário: aumentou os juros para dar mais dinheiro aos banqueiros”. E completou: “O governo Dilma foi aquele que menos fez reforma agrária na história contemporânea do país e se lambuzou. A esquerda não pode se lambuzar com nada, a não ser com o suor do trabalho”.

Em relação a disputa eleitoral de 2018, Beto defendeu que o PSB mantenha o protagonismo nacional iniciado por Eduardo Campos. “Sonho, há 30 anos, desde que entrei no PSB, com um projeto político que tenha compromisso com a sociedade, que tenha a nossa cara, que represente a nossa luta e a nossa história. O plano de governo elaborado por Eduardo, em 2014, está super atualizado. É embasado nele que temos que voltar a andar pelo Brasil, junto com os segmentos do PSB, junto com a base partidária, para avançar nesse debate, nos consolidando como alternativa eleitoral viável à esquerda”. Beto completou defendendo o fim da polarização entre PT e PSDB. “São duas bananeiras que não dão mais cacho. Fazem apenas a disputa de poder, marcada pelo presidencialismo de coalizão, com apoio ancorado em troca de cargos e favores”, disse. Beto defendeu a prática política a serviço da população e não para a perpetuação dos partidos no poder. “Se o presidente da República fosse do PSB o Bolsa família já estaria na Constituição, seria uma política de Estado e não de governo. Hoje, o PT utiliza o programa como bandeira eleitoral”. Nessa mesma linha, Beto defendeu um novo modelo de governabilidade, marcado pela gestão qualificada, com metas, resultados e meritocracia, inspirada no governo de Eduardo Campos em Pernambuco. “Temos que construir uma grande vitória nas eleições municipais e semear o caminho para 2018. Precisamos de candidaturas competitivas, que sejam ligadas aos movimentos, que representem nossa trajetória nas principais capitais e cidades-polo do país. Não vamos parar o protagonismo iniciado por Eduardo Campos. Não vamos desistir do Brasil”, disse. “Somos socialistas e socialistas saem da crise sem a CPMF, combatendo os interesses financeiros e defendendo os trabalhadores”.

Deputado federal gaúcho mais assíduo na Câmara Federal, José Stédile (PSB) abordou a crise de governabilidade do PT. “O governo que tem apoio do Collor e do Maluff, por exemplo, definitivamente não é um governo de esquerda”, disse, lembrando que a aprovação da terceirização, a alteração no seguro desemprego e a volta da inflação são sintomas da incompetência administrativa do Palácio do Planalto. “Precisamos do novo jeito de governar, assim como fez Eduardo em Pernambuco. Hoje, Beto Albuquerque é a liderança que melhor representa o nosso projeto nacional”.
Os representantes dos movimentos sociais do PSB fizeram também avaliação da conjuntura nacional e defenderam protagonismo da sigla. Para o secretário Nacional do Movimento Sindical Socialista (SSB), Joílson Cardoso, o Brasil atravessa um conjunto de crises, liderados pela recessão econômica e pela a crise de representatividade política-partidária. “A perda dos direitos como o seguro desemprego e a aprovação na Câmara dos Deputados da terceirização são exemplos das barbáries cometidas pelo governo federal contra os trabalhadores do Brasil. O PSB é o novo caminho”.

Falando em nome da Secretaria Nacional de Mulheres do PSB, Francileide Passos defendeu a presença de mais mulheres nos espaços de poder e enalteceu o viés preparatório do debate. “A formação política deve ser permanente e é fundamental para oxigenar as ideias, os projetos e estimular a continuidade das lutas”.  Já a secretária nacional do Movimento Popular Socialista (MPS), Maria de Jesus, destacou a função dos segmentos organizados do PSB. “Temos o papel de estreitar a relação entre a direção partidária e a população.”

Secretário Nacional da Juventude Socialista Brasileira, Tony Sechi lembrou a trajetória de lutas do movimento, que no passado foi liderado pelo hoje vice-presidente do PSBl, Beto Albuquerque e elogiou sua atuação no cenário nacional. “Temos que seguir trabalhando para nos colocarmos como alternativa viável e competitiva de esquerda para o país, para os Estados e os municípios”. Da mesma forma Valneide Nascimento, secretária nacional da Negritude Socialista Brasileira (NSB), também defendeu o protagonismo nacional do PSB, através da candidatura à presidência da República, em 2018.

O debate foi coordenado pela dirigente nacional, Mari Machado, que representou a Fundação João Mangabeira. “Historicamente o PSB traz a sua visão, o seu debate, defendendo as suas bandeiras no Fórum Social Mundial. Sempre marcamos nossa posição através de grandes lideranças socialistas como os nossos ex-presidentes e sempre lembrados Miguel Arraes e Eduardo Campos”, disse Mari ao reforçar posição favorável a retomada do projeto nacional. O coordenador da FJM/RS, Gildo Silva, prestigiou a atividade, que também contou com a participação do secretário estadual do Trabalho e Desenvolvimento Social, em exercício, Juliano Paz, do coordenador da bancada do PSB na AL, Mário Bruck, e de presidentes de diretórios municipais do PSB gaúcho.

Ao final do debate foi divulgada nota na qual todos os participantes da oficina do FSM 2016 formalizaram a defesa da retomada do projeto nacional do PSB através da candidatura própria a presidência da República em 2018. (vide matéria relacionada) Texto e foto: Assessoria de Comunicação PSB/RS