José Stédile: “Precisamos de um novo pacto 
federativo pelo bem dos estados e municípios”



Reeleito para o segundo mandato como deputado federal, com 60.523 votos, José Stédile (PSB), tem na sua trajetória a militância sindical, comunitária e política. Exerceu dois mandatos consecutivos como prefeito de Cachoeirinha, entre 2001 e 2008. Antes de ser prefeito foi metalúrgico e sindicalista, quando exerceu o cargo de diretor do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Porto Alegre por três mandatos e de presidente da Central Única dos Trabalhadores/CUT Metropolitana. Em entrevista especial à Bancada do PSB na Assembleia Legislativa, Stédile fala sobre as ações de seu mandato, sobre a minirreforma política e o mandato da presidente Dilma Rousseff.


Bancada Socialista - Quais projetos apresentados em 2015 o senhor considera mais relevantes?

José Stédile: O ano de 2015 tem sido difícil para todos. No Congresso, os projetos e Medidas Provisórias (MPs) do Governo foram quase todas para a retirada de direitos. Votei sempre contra a retirada de direitos sociais, mesmo porque praticamente não se mexeu no grande lucro dos bancos, nas grandes fortunas e nos depósitos no exterior. Na prática, a conta da crise ficou para o povo trabalhador e para o setor produtivo.  

Os meus projetos na Câmara priorizam a educação, cultura, saúde e esporte. Aprovamos nas comissões nosso projeto de regulamentação da profissão de técnico em biblioteconomia, do incentivo nos patrocínios de empresas públicas ao futebol feminino e da obrigatoriedade nas escolinhas de futebol do aluno estar matriculado no ensino regular, entre outros.

BS -Recentemente, a presidente Dilma sancionou a minirreforma política que vem sendo criticada por ser considerada “superficial”. Qual sua avaliação e o que ainda pode ser feito?

Stédile: De fato a minirreforma política foi muito superficial e será sempre assim enquanto ela for votada pelos deputados e senadores que tem "interesses" na manutenção das regras que os beneficiam. A sociedade civil organizada foi simplesmente desconsiderada. Dentro da atual conjuntura tenho dito que podia até ter sido pior.

BS - Uma das bandeiras do PSB é a elaboração de um novo Pacto Federativo, garantindo a distribuição mais justa de recursos da União para estados e municípios. Como a pauta tem sido tratada em Brasília?

Stédile: Achamos que a atual concentração de recursos no Governo Federal faz mal à Nação. Ninguém conhece melhor as necessidades do povo que os prefeitos. Temos assistido em todos os Ministérios graves desvios: municípios que precisam de postos de saúde e que recebem máquinas agrícolas, por exemplo.

Precisamos com urgência de um novo Pacto Federativo que diminua o tamanho da União e aumente os recursos aos estados e principalmente aos municípios. Não acredito que com o atual governo federal teremos avanços nesta pauta.  São muitos interesses em jogo. Acho que somente um novo governo poderá ter autoridade para refazer um Pacto Federativo justo para todos.    

BS - Em setembro, a Bancada do PSB na Câmara aprovou a ida para oposição ao governo Dilma Rousseff. Como o senhor vê esse segundo mandato da presidente e as movimentações para seu impeachment?

Stédile: Como poderíamos participar de um governo que não fica um mês sem uma nova grande denúncia de corrupção? Este é um governo que mentiu e mente para população, que destruiu a economia e que está levando o país ao desemprego, quebradeira de empresas, recessão e inflação ao mesmo tempo. Um governo que quase destruiu a Petrobrás...

Sou da opinião que não basta ser independente. Temos que ser oposição. Uma oposição socialista que prestigie as conquistas para o povo e que não ande a reboque da oposição conservadora.  A posição de independência entrega aos conservadores este protagonismo.

Quanto ao impeachment, acredito que o governo fará de tudo (até acordo com o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha), para não deixar acontecer a votação. Porém, se a pauta for para o voto, que será aberto e nominal, tenho a convicção que a presidente Dilma não resistirá. A pressão popular decidirá. 

Texto: Fabiana Calçada/Bancada PSBRS/Foto: Chico Ferreira/ Lid. PSB