Em Tapes, Catarina fala sobre
 Comunidades Terapêuticas



No I Seminário Municipal de Combate às Drogas de Tapes, o presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, deputado Catarina Paladini, defendeu o fortalecimento e a ampliação das Comunidades Terapêuticas no Rio Grande do Sul. Catarina já presidiu a Frente Parlamentar em Defesa das Comunidades Terapêuticas e atualmente tem tratado do tema na CCDH.

Para o parlamentar, é preciso retomar avanços na área, fortalecer os órgãos de fiscalização e capacitar as Comunidades que atendem a todos os requisitos de funcionamento. “Infelizmente, em uma região que tem mais de 1 milhão de gaúchos vivendo (na zona Sul), temos apenas três Comunidades: uma em Pelotas, outras em Rio Grande e a terceira em Bagé, que corre o risco de ser fechada”, afirmou. Em todo o RS, existem cerca de 56 mil dependentes químicos e pouco mais de 200 Comunidades Terapêuticas. Ou seja, o déficit é enorme.

Os participantes do encontro reforçaram a importância do tratamento adequado aos usuários de droga. “Não podemos mais olhar para este problema sob o viés apenas da segurança pública. Ou entendemos que esse é um problema de saúde pública e que a coerção não resolve, ou seguiremos perdendo a guerra para o tráfico e a drogadição. Nós temos que olhar para o usuário e entendê-lo, ajudá-lo, curá-lo”, defendeu Paladini.

Na semana passada, o secretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou que “a guerra às drogas está perdida”. Isso porque a repressão não tem se mostrado eficaz. Nesse sentido, Catarina, ao defender o olhar humanizado para o tema lembrou duas situações. A primeira bastante pessoal, dos amigos que perdeu para as drogas e daqueles que enfrentaram o vício, pediram ajuda e superaram. A segunda, já no campo político, também é uma história de superação: a do prefeito de Cachoeirinha, Vicente Pires. Ex-usuário, Vicente venceu o vício e reconstruiu sua vida. Ao tornar-se prefeito, criou a primeira Comunidade Terapêutica pública do Brasil. Referência para o país, a Comunidade recebeu, em 2014, a visita de Eduardo Campos.

O presidente da CCDH destacou a importância dos profissionais da saúde, da sua dedicação e da importância da permanente capacitação. Além disso, defendeu o fim do preconceito. “A sociedade está doente. Falta sensibilidade com o outro. Não sabemos mais nos colocar no lugar daquele que vemos. Mas o julgamento sempre é feito. Não podemos esquecer que a violência é conseqüência do vício e do não-tratamento. Enquanto fecharmos os olhos e apontarmos o usuário, pré-julgando sua condição, seremos reféns do medo, da violência e nosso próprio egoísmo. Essa é uma luta de cada um de nós”, defendeu Catarina. Ainda de acordo com ele, “é preciso dar uma chance a quem busca ajuda, é preciso acreditar, ajudar, garantir tratamento e dignidade”.

Durante o seminário, Jeferson de Oliveira contou sua história de superação. Limpo há nove anos, ele destacou a importância da família e amigos, que o apoiaram e acolheram. “Precisei de coragem para enfrentar tudo. Assumir o vício é difícil para qualquer dependente químico, mas é preciso. Felizmente eu venci e quero que todos tenham as chances que eu tive. É possível vencer o crack dia pós dia. Não existe cura para a dependência, por isso precisamos de força de vontade a cada manhã, a cada hora, a cada minuto”, explicou.

Ao encerramento do seminário, a Comunidade Terapêutica Senhor Jesus, de Tapes, foi apresentada ao público. O seminário foi uma proposição da vereadora Evânia. Participou, ainda, o ex-prefeito de São Lourenço do Sul e deputado estadual Zé Nunes, além dos vereadores de Tapes.